
Não existe aroma artificial que se aproxime do natural. Não existe cor artificial que se aproxime da natural, nem sabor artificial que seja reconhecido pelo corpo como natural. A natureza jamais será repetida por estranhos. Máquinas, algoritmos e humanos são incapazes de alcançar a inteligência da natureza porque são todos limitados. Por mais que os terabytes virem pentabytes, jamais chegarão a um milésimo da complexidade da vida orgânica.
O que chamamos de Inteligência Artificial ou Inteligência de Dados, não passa de mais um processo de informação e comunicação. Na antiguidade esse processo foi desempenhado por fogueiras e fumaças. Depois por tambores, bandeiras, assovios, garrafas ao mar, símbolos nas pedras. O telégrafo assustou os habituados às cartas levadas por navios. O rádio veio para destruir a humanidade com seus terriveis sinais invisíveis, o que não ocorreu. A destruição seria com a TV, um rádio com imagens, a catástrofe. Os computadores iriam finalmente acabar com o mundo. Não aconteceu. Mas agora, não tem saída, a IA vai destruir a humanidade.
Nos anos 70, os computadores eram gigantescos. Nos anos 90 eram menores. Hoje eles cabem em botões espiões. Na China, já cabem nas mãos das pessoas em forma de chips sob a pele. Logo estarão aplicados na retina assim que nascer um bebê. A sede de controle é insaciável. O processo das IAs é apenas um símbolo do século 21 que será superado por outro no 22. A humanidade não irá acabar por causa das IAs, assim como não acabou com o telégrafo e com a TV. A humanidade será extinta pela natureza, a mesma que a abriga durante milhões de anos.
Essa conclusão é óbvia, não precisa de grandes elaborações, basta olhar em volta. Os humanos representam apenas 0,01% de todos os seres vivos do planeta. Plantas, árvores, os vegetais representam 82%. Separando os humanos dos demais animais, representamos 0,4% do total de selvagens, domésticos, peixes, pássaros e fungos.
Somos a minoria das espécies com a soberba dos deuses. Acreditamos no poder capaz de submeter o universo à nossa vontade. Então criamos ferramentas para garantir esse domínio. A palavra foi uma das primeiras. O poder da comunicação pela voz. Os que não tinham voz eram eliminados.
A natureza silenciosa até que seja ferida nos acompanha com paciência. Sabe da nossa ignorância de seres menores, nossa falta de conexão com a terra, nosso excesso de cimento, aço e algoritmos. Sabe disso e às vezes manda sinais de alerta, fogo, água, vento e terra. Faz desaparecer civilizações com seus tsunamis, mudar curso de rios e transformar mares em desertos. Ainda assim, com tanto barulho, os avisos não são capturados. Para ela um século é um dia. Sua estratégia é aguardar e deixar os humanos cavarem as próprias covas. As IAs e as futuras formas de transmissão de dados não fazem parte desse cemitério. As IAs não nos destruirão. Como em qualquer processo de evolução, a minoria será extinta pela maioria. Nesse ponto, Darwin estava certo.
Comments