Quando um médico ou médica se empenha para salvar uma vida, e salva, a gente se emociona e até se espanta. Isso que deveria ser comum, tem virado exceção. Profissionais autênticos, comprometidos com a saúde e com a vida, estão em rápida extinção. A medicina virou uma indústria de fazedores de diagnósticos e aplicadores de receitas. Virou um puxadinho da indústria farmaceutica.
Há um mercado pulsante, receitas que valem dinheiro como um tipo de papel moeda. Laboratórios remuneram profissionais que indicam seus medicamentos. Farmácias se encarregam de moderar esse jogo.
Como bônus, médicos e médicas ganham mimos nos aniversários, viagens para congressos, passagens para filhos, hotéis, ingressos em shows, um cerco de vantagens em troca de receitas. A medicina foi sequestrada pela indústria com a cumplicidade de escolas, hospitais, do sistema. Profissionais de saúde, clientes dos laboratórios, atendem pacientes como motoristas terceirizados de aplicativos. É a uberização da medicina.
Essa farra que envolve bilhões de dólares só falta ser oficializada. Os caminhos estão abertos. Basta ver os acenos explícitos do Conselho Federal de Medicina contra programas sociais como o Mais Médicos e o pavor da influencia dos comunistas cubanos. Agora o CFM acaba de lançar chapa com propostas anti-Lula e a favor de modelo neoliberal de saúde. Tem terreno para cultivar veneno com milhares de médicos de extrema-direita nas plantações, os mesmos que apostaram na cloroquina e ajudaram a exterminar brasileiros nos anos da Covid-19.
A baixa qualidade de formação desses profissionais tem repercussões nos números de óbitos. Segundo a Organização Mundial de Saúde cerca de 2,6 milhões de pacientes morrem anualmente por falhas médicas. São cinco mortos por minuto, absolutamente dentro da lei. No laudo, o paciente não resistiu. Significa mermão, mermã, que hospital é zona de alto risco. A probabilidade de sair direto para um necrotério é bem considerável.
O ensino privado da medicina virou uma mina de nióbio. Mensalidades de 15 mil reais restrigem o público à nata econômica de olho no retorno do investimento. Por cinco anos de curso, cada aluno terá investido cerca de um milhão de reais. Pelo menos em cinco anos de plantões esse dinheiro terá retornado em dobro.
A vida profissional passa a girar em torno da acumulação de capital. O que dá mais dinheiro? Que lugar paga mais? Não há a menor chance dessa medicina neoliberal, que vende receitas, atuar pela cura, se o que dá mais dinheiro é justamente o oposto. Portanto é fundamental adoecer e morrer para o sistema crescer. Até não sobrar ninguém.
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