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Foto do escritorArthur Andrade Tree

O tempo nunca passou, o presente é replay e o futuro é uma propaganda de viagens.




O processo de evolução da humanidade é lento e o tempo cronológico é ridículo. Ao pesquisar história e arqueologia, basta virar uma página e lá se foram mil anos. Idades acima de 90 anos parecem longas, mas são tão rápidas quanto quaisquer 20 anos do ponto de vista cósmico.


Vivemos muito pouco em um tempo de mentira. Ao abrir os olhos, já passaram 50 anos. Os seus 20 anos estão na poeira do deserto, uma pífia memória. O que você fez em 1980 naquele sábado de Carnaval, o que fez em 1990 no primeiro dia de janeiro? O que fez ontem por volta das 16h? Os eventos são devorados nas noites e acabam na pia. Os que ficam na garganta são dejetos, eles sempre ficam.


O século 20 voou no tempo dos motores de Fórmula 1. O século 21 voará no tempo dos F-15. Mas já estamos em um quarto de século com partes da humanidade arrastando carroças puxadas por jumentos. Isso é século 16. Em alguns países, carroças são puxadas por humanos, isso é século 11. No Brasil existem áreas que estão antes de Cristo, com água turva e esgotos em buracos no chão.


No mundo existem 90 países com regiões na idade da pedra, cerca de 3,6 bilhões de pessoas sem saneamento e sem água boa. Aliás, água boa é uma raridade mesmo para os outros 5 bilhões. As empresas tratam a água com porrada, jogam metais pesados para matar bactérias e acabam nos matando com cloro, ozônio, permanganato de potássio, flúor, alumínio. Quem tem um poço artesiano com água direto de alguma reserva florestal tem uma mina de vida. Mas logo essa mina será devastada quando queimarem as florestas.


Há pouco tempo as pessoas morriam de varíola. A vacina descoberta por acaso no século 18 ajudou a salvar um montão de gente. Mas o que é vacina? Não passa de um filhote do vírus (ou bacilo) jogado no corpo humano para ativar suas defesas.

Quando o vírus retadão aparece, o corpo já está ligado e o repele. A vacina não passa de mensageiro com o aviso de ataque. O trabalho maior é do corpo, ele que se vire. Assim age a ciência a serviço do capitalismo – dá munição ao corpo para não ter que mudar o modelo de destruição. Os mortos são efeitos colaterais. Os mortos não valem nada.


Século 21 da nova era e ainda estamos no século 21 da velha. Neste momento, pelo menos dez conflitos sangrentos ocorrem no mundo. Além de Rússia, Ucrânia, Israel contra mulheres, crianças, idosos e o Hamas, novas guerras devastam Burkina Faso, Somália, Sudão, Iêmen, Mianmar, Nigéria e Síria.


A diferença em relação à antiguidade é o tipo de armamento. No século 30, a diferença será a rapidez de cada morte e a preservação de prédios e veículos. O problema das guerras tem sido o prejuízo material. Ok, faz parte, depois as empresas de engenharia ganham fortunas reconstruindo cidades para destruí-las de novo. Esse modelo não é pré-histórico, vamos ser justos. Os homens e mulheres das cavernas não destruíam a própria casa.


Os séculos avançam, as tecnologias se superam, mas a humanidade continua se arrastando sob arames farpados dos treinamentos de combate. Hoje fiquei sabendo que jogos de guerra são uma epidemia nas escolas infantis. Crianças de sete anos viciadas em tiros e mortes. Tem sido um trabalhão para pais e professores impedirem a invasão dessa sanha destrutiva nas escolas e nas casas.


A indústria do entretenimento é bélica. Jogos de Guerra grátis na internet, Guerra nas Estrelas, Cabo de Guerra, Combate, Jogos Sangrentos grátis, Jogos de Tiro dominam o cenário. Ninguém mais quer historinhas de finais felizes, os finais precisam ser caóticos. Isso é século 13, carrascos aplaudidos, fogueiras celebradas com suas bruxas, guerreiros abençoados pelos deuses e depois por padres, pastores, gurus. O tempo nunca passou, o presente é replay e o futuro é uma propaganda de viagens.


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