Há 37 anos, James Baldwin visualizava a deterioração materialista do mundo nas relações sociais, na moral, ética e na saúde imposta pelo sistema capitalista. Autor de “Numa terra estranha”, publicado no Brasil em 1965 como um livro para adultos: “sob nenhum pretexto deve ser posto na mão de menores”, Baldwin esteve à frente do seu tempo.
“Se eu estou morrendo de fome, você está em perigo”, disse meses antes de sua morte em dezembro de 1987, aos 63 anos, por um irônico cancer no estômago.
Se alguem passa fome, estamos sim em grande perigo. Ocorre que não
é um simples alguém, são 740 milhões de alguéns passando fome no mundo, segundo a ONU. Para se ter idéia, esse número equivale às populações de Brasil, Mexico, Estados Unidos, Argentina e Chile somadas.
O capitalismo é um sistema falido desde sua concepção. Baseado no acúmulo de coisas, dinheiro, bens é tão óbvio que seu destino é a degradação. Portanto, a missão do capitalismo, o destino final do sistema é se deteriorar como qualquer matéria.
E hoje para onde se olha o cenário é de dissolução. As enchentes no RS e em várias partes do mundo são consequências dele. As guerras em Gaza, Iemen, Somália, Ucrania etc etc são provocadas por ele. O estado constante de conflitos nas cidades é resultado dele. Nossas angústias, inseguranças, pânicos, todas as nossas doenças são provocadas por ele. O materialismo tem destruido a humanidade.
O aquecimento global atribuido às ações humanas é consequência do modelo ao qual os humanos obedecem. E essa obediência é cega. A maioria destroi a propria casa no automático, sem perceber o estrago que faz.
Ao sair do supermercado com o carro cheio de plasticos, latas, garrafas, bugigangas está destruindo o planeta. De pouco em pouco as pequenas coisas viram lixo e os lixos viram toneladas. Por mais consciencia ambiental que tenha, uma vez na cidade será impossível evitar o consumo de coisas. Mesmo os mendigos têm coisas, arrastam e guardam coisas.
O trágico é que o consumo gera empregos que alimentam famílias, que movimentam as indústrias que produzem coisas, que atiçam desejos, provocam necessidades, frustrações, angústias que conduzem aos templos, aos bares, aos hospitais, às terapias. Esse movimento circular feito no automático vai degradando tudo, nada escapa, nem a vida.
A sorte é que uma hora chega ao fim com a morte. Mas aí tem os custos dos cemitérios, o tipo do caixão, o valor da cova, o preço da cremação e a conta do cartão herdada pelos vivos. Estamos condenados à degradação do capitalismo, essa é nossa prisão.
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